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No Meu Quarto de Existir

Chega um momento na vida da gente que a única sensação despertada resume-se a uma única e simples pergunta: Pra quê? Pra quê acumular tanta informação durante uma vida, com a pretensão de achar que terá tempo suficiente para processar todo esse conteúdo? É bom lembrar, às vezes, que não somos eternos. Que tudo pode acabar em questão de segundos, num sopro. Quem sabe até antes da conclusão dessa postagem?

A vida é ensaiada por nós durante toda a vida, quando estreamos no mundo sem recebermos sequer um texto como orientação. Tudo que nos ensinam é convenientemente errado. É preciso que não saibamos as coisas devidas, mas as desejadas por quem nos comanda a... Vida... Vida... Vida... Eu tô me repetindo, eu sei. E me angustia a repetição de palavras porque dá a impressão de que não tenho assunto, ou pior ainda, que não sei discorrer nem organizar as ideias a respeito de um tema.

Enfim, estou confuso. Um misto de impotência, reflexão em demasia, medo, abandono, solidão e solidez. Por mais incrível que pareça. Sim, estou sólido em relação aos meus sentimentos, aos meus desejos, as minhas necessidades. Visto uma espécie de capa protetora feita por mim em defesa do mundo. Sinto-me humilhado diante dos absurdos mundanos e recentes. É muita despedida de quem serve bem à vida e permanência de inúteis abutres a destituírem crenças e exímios princípios. Sinto-me num abismo emocional, físico, cultural... Labirinto. É isso. Tudo é labirinto hoje pra mim e em mim.


Meu acervo é grande. Muitas músicas, documentos, textos terminados a publicar ou por concluir, inúmeras fotos a catalogar, e-books pra ler, sinopses a desenvolver... Pra quê? Tudo pra um dia começar e quem sabe se esse dia chegará? Penso nas catástrofes que não perdoam ninguém. Não estamos livres de nada porque não somos melhores do que ninguém. Somos o que somos. Acumuladores de emoções ou distrações pra enganar o tempo e tentar induzi-lo a nos vir em demasia.


Meu Deus! O que estou escrevendo? Essa tentativa de dificultar o entendimento, desvirtuando a direção das palavras, destilando possíveis metáforas pra expressar a minha fraqueza humana. Posso ser uma rocha se alguém quiser, mas o meus espelhos me contam em segredo a realidade. Acho que só os espelhos me entendem de verdade. Ou o silêncio. Ou nem eu mesmo.

A quem interessar possa, ao ler esse texto, saiba que estou sóbrio durante o seu processo de feitura. Apenas me drogo de antibiótico, receitado por médico, em virtude de uma crise alérgica ou uma inevitável sinusite que insiste por ora me visitar. Não ouvi a discografia de Maysa ou qualquer canção de estilo semelhante. Aliás, não preciso das canções como escudo de meus espasmos emocionais. Preciso delas como inspiração, companhia, vitamina. E como "estou me sentindo muito sozinho", vou botar uma canção pra tocar. Na vitrola, no computador, no celular ou em qualquer lugar nesse quarto de existir. Boa noite.

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